Nota STR Safra da Uva 2016/2017

Olir Schiavenin - Presidente do STR

19/01/2017


Estamos iniciando as atividades da colheita de mais uma safra da uva.

            A velha prática das indústrias de negociar a produção sem definição de preço, infelizmente mais uma vez se repete.

            A impressão é de que existe um complô da indústria com o intuito de tirar proveito, barganhar e tirar vantagens, haja visto que a uva é um produto perecível e quando pronta precisa ser colhida em poucos dias.

            O preço mínimo estabelecido pelo governo infelizmente ainda permanece em centavos. É um valor irrisório e sequer cobre o custo de produção. Não estimula a produção e muito menos incentiva os jovens a permanecer na atividade. Em consequência da baixa remuneração o cenário é de desestímulo, abandono e consequente decadência dos parreirais e o envelhecimento do meio rural. A falta de renda, a insegurança e a indefinição em relação ao futuro, são fatores que contribuem para a exclusão cada vez maior do jovem do meio rural.

            O único prejudicado com isso é o produtor, pois sem renda não existe atividade que se sustenta por muito tempo e muito menos vida digna para as família.

            Os atuais dados de comercialização e as estatísticas das vendas, apontam que os estoques de vinhos e derivados são os mais baixos dos últimos anos. Além do estoque baixo, o preço do vinho, sucos e espumantes teve aumento que ultrapassou qualquer índice econômico. A previsão de volume de produção é de uma safra normal. Esses argumentos evidenciam que a uva pode e deve ser paga mais do que o preço mínimo, sob pena de num curto espaço de tempo as indústrias não terem mais matéria prima para suprir suas necessidades.

            O jogo de interesses em relação ao preço e o prazo de pagamento provoca indignação, incertezas e insegurança entre os produtores.

            Eles trabalham, investem e se dedicam junto com suas famílias o ano inteiro de sol a sol no cultivo da uva para o sustento de suas famílias. A indústria não sobrevive e não tem sentido de existir sem a matéria prima. Se não existir produtor, não existe uva e sem uva a Industria não tem sentido de existir.

            Qual o produto primário que é adquirido, processado sem que o fornecedor saiba quanto e quando receberá. E que é o próprio produtor quem financia a compra e tem que esperar meses ou até anos para receber?

            A perdurar essa situação de desestímulo ao produtor de uvas, o futuro será a decadência cada vez mais acentuada da produção e o abandono dessa centenária atividade que foi a base da sobrevivência de milhares de famílias.

            Que haja mais clareza, transparência, justiça e respeito ao produtor e menos ganancia.

            Diante disso, orientamos os produtores de uva que negociem com cuidado e que não se precipitem e busquem as informações no STR.



Fonte: STR